José Manoel
Apesar da escassez de subsídios de informações, acompanhado das limitações gerais do autor da composição de nossa história, tentaremos compor alguns fragmentos históricos importantes que transcenderam através dos tempos, e teve uma importância muito grande para a formação de nossa família.
A história de uma família é recordar quantos caminharam nesta estrada antes de nós.
Aqui podemos rever como foi construída nossa história até chegar aos nossos dias. A nossa história é o que fortalece um povo que já teve uma trajetória e seu caminhar.
A nossa história faz com que compreendamos que não chegamos aqui sozinhos. Fazemos parte de um povo que tem seu passado, memórias de tantos que partilharam em nosso caminhar para hoje podermos dar continuidade.
Tivemos que voltar no tempo, saber de nossas origens, de onde vieram e como foi construída a nossa história.
Manoel Joaquim dos Santos, o protagonista de nossa história, era de família portuguesa.
Ele veio para o Brasil ainda jovem, no inicio do século XIX. Foi morar no Estado de São Paulo e tinha vários filhos.
Não sabemos quem era sua esposa nem quem foram seus filhos. Esperamos que alguns dos descendentes desses outros filhos, que tiver contato com a nossa história, entrem em contato. Sabemos que eles moravam no estado de São Paulo.
Voltemos ao século XIX, mais precisamente na década de trinta, período do nascimento de José Manoel da Silva, um dos filhos de Manoel Joaquim dos Santos.
José Manoel da Silva morava em São Paulo, e tendo notícias das minas de ouro e diamantes que existiam no sertão de Minas Gerais, precisamente na região do alto Paranaíba, partiu para o sertão de Minas e indo fixar moradia no município de São Francisco das Chagas do Campo Grande, no alto Paranaíba
Esta região era muito conhecida onde encontrava diamantes em grandes quantidades nos rios Abaete, Indaiá, Borrachudo. Afluentes do Rio São Francisco e também nos afluentes do rio Paranaíba.
Este município tem nascentes de águas que correm para a Bacia do São Francisco e também onde nasce o Rio Paranaíba, na serra da Mata da Corda, mais precisamente na Fazenda Limeira e Candeia. Seus primeiros afluentes são: córrego do Glória, Água Grande e Olhos D’águas.
Os descendentes de José Manoel, com a escassez dos diamantes, se fixaram na zona rural e passaram a trabalhar com a terra. Mas no inicio do século XX alguns de seus filhos continuavam tentando na garimpagem, sem sucesso, quase sempre não conseguindo nem para as despesas do dia-a-dia.
A Fazenda onde José Manoel da Silva viveu e criou toda sua numerosa família, é a Olhos D'água, no município de Rio Paranaíba, próximo ao povoado da Chave. Ele, com seus filhos, fixaram-se na terra.
José Manoel passou toda sua vida na zona rural, trabalhando na cultura da cana de açúcar, café, milho, feijão, na agropecuária e no algodão, que era usado para a confecção do vestuário da família.
Também cultivavam a mamona que tinham muitas utilidades. Para fazerem o azeite (óleo) que era usado nas iluminações com as candeias e lampiões. Usavam também como remédio nas curas dos machucados dos animais. Uma outra função do azeite de mamona era para a lubrificação dos eixos dos carros de bois. Passavam também na correias para amaciar e na madeira para melhorar sua durabilidade.
Também cultivavam a mamona que tinham muitas utilidades. Para fazerem o azeite (óleo) que era usado nas iluminações com as candeias e lampiões. Usavam também como remédio nas curas dos machucados dos animais. Uma outra função do azeite de mamona era para a lubrificação dos eixos dos carros de bois. Passavam também na correias para amaciar e na madeira para melhorar sua durabilidade.
A nossa história não é tão diferente de muitas outras. Nossos antepassados também tinham suas dificuldades para sobreviver. Tudo era bastante difícil no Alto Paranaíba. Que eram sertões e distante de centros mais desenvolvidos.
Tudo que era gasto na fazenda procuravam ser produzidos nela mesma. O que não utilizavam era comercializado nas regiões próximas.
Alguns outros produtos deveriam ser adquiridos, por não ter como ser produzido na fazenda. Alguns exemplos era o sal, o querosene, que era usado nas iluminações, o arame, utilizado para cercar, o remédio e muitos outros.
Alguns outros produtos deveriam ser adquiridos, por não ter como ser produzido na fazenda. Alguns exemplos era o sal, o querosene, que era usado nas iluminações, o arame, utilizado para cercar, o remédio e muitos outros.
Antes do ano de 1892 não conseguimos descobrir onde eles iam levar o que não tinha sido comercializado em sua região e precisavam comercializar, e também buscar o que precisava em suas fazendas.
Estes produtos teriam que ser adquirido em outras regiões de onde era transportado normalmente em carros de bois ou pelos tropeiros, que estavam sempre no trabalho de transportar.
Nos anos sessenta do século XIX foi iniciada a construção de estradas de ferro no Brasil. A partir dos anos oitenta do mesmo século foi inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas que começou as construções de suas linhas levando o progresso por onde passava. Ela ia entrando por Minas adentro e levando progresso por onde passava.
Com estas criações de estradas de ferro, o Alto Paranaíba foi beneficiado, tendo um tronco de linha, que em 1892, chegou ao ponto mais próximo dos habitantes de São Francisco das Chagas, que foi até a vila Abadia de Pitangui, aonde foi criada a Estação da Abadia.
A estação da Abadia era até onde o Trem de Ferro transportavam as mercadorias vindas de outros centros, também aonde pegava tudo que era produzido na região, e tendo que ser transportado para outras locais.
Nos anos sessenta do século XIX foi iniciada a construção de estradas de ferro no Brasil. A partir dos anos oitenta do mesmo século foi inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas que começou as construções de suas linhas levando o progresso por onde passava. Ela ia entrando por Minas adentro e levando progresso por onde passava.
Com estas criações de estradas de ferro, o Alto Paranaíba foi beneficiado, tendo um tronco de linha, que em 1892, chegou ao ponto mais próximo dos habitantes de São Francisco das Chagas, que foi até a vila Abadia de Pitangui, aonde foi criada a Estação da Abadia.
A estação da Abadia era até onde o Trem de Ferro transportavam as mercadorias vindas de outros centros, também aonde pegava tudo que era produzido na região, e tendo que ser transportado para outras locais.
Neste local foi criado um centro comercial onde poderiam negociar tudo que fosse levado para ser vendido, também aonde poderia adquirir tudo que precisassem para sua fazenda.
A partir de 1892, nossos familiares, fazia sempre uma vez por ano a viagem, da cidade de Rio Paranaíba e Carmo do Paranaíba, levando o que não tinha sido comercializado na sua região para que fosse negociado na Estação de Abadia e adquirindo as suas necessidades.
Saiam da Cidade de Rio Paranaíba, até a estação de Abadia, distante aproximadamente sessenta léguas.
Sendo de carros de bois gastavam mais de um mês. Os tropeiros iam mais rápido. Esta viagem foi de 1892 até 1916.
Sendo de carros de bois gastavam mais de um mês. Os tropeiros iam mais rápido. Esta viagem foi de 1892 até 1916.
Hoje a localidade não tem mais a estrada de ferro, a Estação da Abadia foi desativada e mudada o nome da cidade para Martinho Campos.
O espaço do patio da Estação da Abadia |
Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil -Abadia
A partir de 1888 foi dado início um projeto de ligar o sul de Goiás a Angla dos Reis (RJ) para tornar mais fácil a ligação do centro oeste com o litoral brasileiro, também o transporte de passageiros e de tudo que tivesse que ser transportado.
O projeto foi executado pela Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas. Ela saía de Lavras, passando por Ribeirão Vermelho, onde já tinha chegado em 1888, e seguindo com destino a cidade de Catalão, no sul de Goiás.
Sua rota foi saindo da estação Lavras, Ribeirão Vermelho, passando por Bambuí, Ibiá no Alto Paranaíba, chegando em 1916 na localidade Serra do Salitre , distrito do município de Patrocínio, aonde foi construída a Estação Catiara.
Com a inauguração em 1916 da Estação Catiara no distrito Serra do Salitre pela Estrada de Ferro Oeste de Minas, a localidade tornou-se um centro comercial atendendo todo o Alto Paranaíba e parte do noroeste mineiro, como Paracatu, João Pinheiro, Patos de Minas, Lagoa Formosa.
Nesta Estação chegava comitivas vindas de todos os lados trazendo carnes, toucinho, salgado em porções de rolo, queijo e muito mais.
O movimento comercial do então Distrito era grande, com varias oportunidade de negócios, como a compra do queijo de toda região. Várias fazendas aumentaram a sua produção.
O distrito Serra do Salitre passou a município em 1953. Com sua criação a estação Catiara passou a pertencer ao município que fica no Alto Paranaíba.
Por onde ela passava e sendo construído os pontos de embarque e desembarque de passageiros e pequenas encomendas. Em certas distâncias nos pontos mais estratégicos eram criadas as suas estações onde estavam chegando o progresso e podendo criar os comércios para comercialização.
A partir do início do século 20 a estrada de ferro foi criando novos ramais de linhas.
Com a criação da estação Catiara na cidade Serra do Salitre ficou mais fácil para nossos familiares que moravam nos municípios de Carmo do Paranaíba e Rio Paranaíba. Não precisavam ir até a estação de Abadia que ficava aproximadamente 60 Léguas. Eles passaram a frequentar a estação Catiara, que fica a poucas Léguas de sua cidade. Para ir e voltar até a Estação Catiara de carro de boi demorava um pouco mais de uma semana
Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil - Catiara
Eu, Aldo, bisneto do José Manoel, em uma de minhas viagens que fiz na região do Alto Paranaíba,
juntamente com meus pais, tive o prazer de passar em uma estrada que liga a Cidade de Serra do Salitre a Carmo do Paranaíba em Minas Gerais.
Esta viagem foi em 1982 do século XX. Em um veiculo com oito passageiros, eu, Aldo, com Wieslawa, minha esposa, meus três filhos, Andreia, Ricardo e Alexandre, os meus pais, João Firmino e Sebastiana, netos de José Manoel, e um primo, o Divino Pereira (Vino), todos descendentes de José Manoel da Silva.
Era uma estrada carreira que meu pai queria nos mostrar. Foi por onde ele e seus irmãos foram candeeiro e carreiro do carro de bois do meu avô, Firmino Manoel, quando eles iam levar e buscar mercadorias na estação de Catiara, nos anos vinte/trinta do século XX.
A construção da estrada de ferro continuou com destino a Catalão, em Goiás, partindo da estação Catiara. Em 1920, após quatro anos do inicio da construção, chegou a cidade de Patrocínio, seguiu rumo a Monte Carmelo, passando próxima a Cidade Estrela do Sul.
Por aonde ia passando estava sempre construindo os pontos de embarque e desembarques e criando também algumas estações. (São como hoje os pontos de ônibus e seus terminais).
Após doze anos, do inicio da construção em Patrocínio, no ano de 1932, chegou à cidade de Grupiara onde foi criado a ultima estação da estrada de ferro em território mineiro, na divisa com Goiás, na margem do Rio Paranaíba.
Após a construção da ponte entre Minas Gerais e Goiás foi criada a estação de Três Ranchos na margem do rio Paranaíba do lado de Goiás.
Dando continuidade em Goiás, passou por Ouvidor e chegando até Catalão, que era o traçado original.
De Catalão a Goiandira já existia os trilhos desde 1913 com sua estação desativada, era fim de linha. Não temos a data precisa de sua reativação. Sabemos que em 1937 poderia sair da estação de Catiara na Cidade Serra do Salitre em Minas Gerais e chegar a Anápolis em Goiás com uma baldeação em Goiandira-Goiás.
Vários de nossos familiares fizeram esta viagem de ida e volta no Alto Paranaíba.
Em 1937 trazendo suas mudanças para Goiás, José Firmino e a sua irmã Firmina, ambos com suas familias, fizeram a trajetória da estação Catiara a Anápolis em Goiás.
Também quando José Firmino retornou a passeio com a família a Carmo do Paranaíba em julho de 1940.
O trecho de divisa de Goiás com Minas Gerais, entre a estação de Três Ranchos e a Grupiara em Minas Gerais, foi desativada com a construção da represa de Três Ranchos, que cobriu todo o traçado da ferrovia.
Por motivo da construção da represa de três ranchos foi aberta em 1984 uma variante até Araguari, para desviar a linha férrea para oeste, pois a linha dali até Goiandira seria erradicada para a construção da represa sobre o rio Paranaíba.
A linha nova saiu de um ponto entre as estações de Macaúbas e a de Celso Bueno que continuou seguindo até Araguari.
O trem de passageiros dessa linha até o final dos anos 1980 ainda passava diariamente quando foi erradicada continuando apenas o trem cargueiro.
APÊNDICE
ESTRADA DE FERRO MOGIANA
Partir dos anos 80 do século XIX a estrada de ferro brasileira foi tomando força no Brasil e seguindo linhas para varias regiões.
A Companhia Mogiana de Estrada de Ferro iniciou a construção de uma linha férrea saindo da cidade de Campinas-SP, passando por varia cidade paulistas e já em Minas Gerais passou por Uberaba, Uberlândia e chegando até Araguari em 15/11/1896 onde se tornou fim de linha.
Dez anos depois em 1906 foi reiniciada em Araguari a construção da Estrada de Ferro para Goiás com destino o Centro Oeste, pela Companhia Estrada de Ferro Goiás, com destino de ligar o estado de Goiás ao sudeste do Brasil.
A estrada de ferro com destino a Goiás partindo de Araguari em 1906 seu primeiro trecho foi até a margem do rio Paranaíba divisa de Goiás, gastando cinco anos de 1906 a 1911, na divisa entre os estados de Minas Gerais e Goiás onde foi construída uma ponte.
Sua primeira estação em Goiás foi a Anhanguera e inaugurada no dia 24/02/1913 quando foi inaugurada também a de Goiandira onde foi criado o terminal ferroviário. Foi causado uma intensas mudanças na região.
A localidade fazia parte do município de Catalão, um centro de importância regional em Goiás, já naquela época. Goiandira cresceu consideravelmente, se tornando distrito dois anos depois da chegada da ferrovia.
Partindo de Goiandira seguiu um ramal para Catalão até Ouvidor e outro com destino a Anápolis chegando a Ipameri também em 1913.
Devido as dificuldade que a Companhia Estrada de Ferro Goiás encontrava para dar continuidade aos seguimentos dos trilhos ficando desativada provisoriamente a estação de Catalão. Da estação de Ipameri a Pires do Rio ela demorou nove anos só chegando em 1922.
A partir de então, foi àquela demora de sempre: avançando lentamente, chegando a Pires do Rio somente em 09/11/1922, Leopoldo de Bulhões 13/05/1931, Anápolis 07/09/1935. Já com a criação de Goiânia a nova capital ela deu continuidade saindo de Leopoldo de Bulhões e chegando a Goiânia no inicio dos anos 40. O terminal de Campinas, com apenas dois quilômetros, foi gasto mais alguns anos. O destino seria a cidade de Trindade, que ficou apenas nas demarcações e alguns aterros que pode ser visto ate os dias de hoje (2018).
Por onde ela passava iam criando os pontos de embarques e desembarques e suas estações e junto estava chegando o progresso.
Vamos ver algumas fotos, tiradas no alto Paranaíba, focalizando parte da baica formadora da nascente do Rio Paranaíba - Mg.
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Nascente do Rio Paranaíba. As três ultimam fotos é no mesmo lugar em posições diferente vista parcial da bacia formadora da nascente do Rio Paranaíba em Minas Gerais. Estamos no alto da Serra Mata da Corda, na rodovia BR 354 km 302, próximo ao trevo da Cidade de Arapuá. Esta BR é a que liga Patos de Minas a BR-262, que vai de Uberaba a Belo Horizonte. Focalizando parte da bacia formadora da nascente do Rio Paranaíba nas fazendas Limeira/Candeias em Minas Gerais. Você continuando sentido ao trevo da Cidade do Rio Paranaíba e olhando a sua direita estará sempre acompanhando por alguns quilômetros a bacia formadora da nascente do Rio Paranaíba. Esta foto foi em 2014. |
Estamos no Alto da Serra Mata da Corda. As fotos anteriores estávamos focalizando a bacia formadora do Rio Paranaíba. Agora vamos focalizar do lado da Bacia de águas que corre para o Rio São Francisco, onde nasce o Rio Abaeté.
Este lado da serra era conhecido por Ermo.
Neste alto da serra era apenas um alto divisor de águas.
Hoje com a rodovia BR 354, ficou com uma distância muito curta de poucos quilômetros, entre um lado de um Chapadão com o outro.
Antes da BR, para ir de um lado para o outro, teria que dar muitas voltas, teria que andar muitos quilômetros, com muitas ondulações.
A localidade, também conhecida por Ermo, era localizada a fazenda do Candinho Manoel, o quarto filho de José Manoel da Silva. Foi onde ele viveu e criou toda sua família.
Casa da Fazenda da Celeste que era do João Candinho. |
Fazenda que era do Tonico Candinho hoje do Geraldo Tonico. |
Fazenda hoje do Joãozinho da Nega. |